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Consumindo o próprio corpo


"Numa cultura como a nossa, amplamente motivada pela produção e consumo de bens, o corpo humano pode se tornar mais um bem a ser consumido."

É muito comum encontrar pessoas fisicamente debilitadas devido ao excessos, principalmente excesso de trabalho. Quando o trabalho se resume à produção de bens e renda, e o descanso se limita ao consumo destes bens e renda, somos tentados a consumir inclusive o nosso próprio organismo.

O corpo humano é abusado tanto para produzir quanto para consumir. Em prol de uma elevada performance de produção nós somos impelidos a trabalhar muitas horas por dia, assumir compromissos demais, lidar com um nível elevado de estresse e ter a agenda sempre lotada. E na busca de compensar tal pressão somos convidados a consumir alimentos deliciosos (porém nocivos), mergulhar no mundo digital adquirindo máquinas mais rápidas e interativas (alienando-se do mundo real), sacrificar uma boa parte do nosso dinheiro colocando mais um carro (caro) no congestionamento, isso tudo sem ter tempo para mais nada. E nesta lógica a debilidade física decorrente deste estilo de vida pode até ser mais um propulsor do status social, numa sociedade marcada pelo consumo. Porém o corpo humano não é um bem de consumo e não funciona como tal.

"Disse o filósofo certa vez: “Penso logo existo”, numa tentativa de caracterizar a existência. Talvez hoje a conclusão seria algo como: “Tenho, logo existo”."

Todos os sistemas do nosso corpo são desenhados para buscar o equilíbrio. Exigir do organismo uma alta performance, sem lhe dar os recursos necessários para tal, faz com que, em termos gerais, o corpo consuma a si mesmo ao invés de consumir os recursos que lhe deveriam ser fornecidos. E este desequilíbrio no seu grau mais elevado caracteriza a morte.

Além do mais, cuidar da saúde também não tem nada a ver com consumo de substâncias que prometem elevar o desempenho do organismo milagrosamente ou combater debilidades de forma instantânea. Uma boa saúde tem muito mais a ver com a busca diária de estabilidade física, com equilíbrio entre gasto e reposição dos elementos necessários à vida, entre estes: boa alimentação, atividade física regular, segurança, descanso, convívio familiar, espiritual, social e tantos outros.

Existe vida além do consumo! Não consuma seu próprio corpo na ânsia de manter girando a “roda viva” que nossa cultura consumista propõe (ou impõe).

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